AS OPORTUNIDADES DE CRESCIMENTO PROFISSIONAL NA CATEGORIA DE SARGENTOS
Na categoria de Sargentos da Força Aérea, a profissão (especialidade) escolhida no início de carreira representa apenas o primeiro passo de um percurso repleto de oportunidades.
Para além da formação base adquirida, existem diversas oportunidades de especialização que permitem aos militares obter novas competências ao serviço da missão da Força Aérea.
Flight Engineer
O Flight Engineer desempenha um papel crucial na preparação, monitorização e segurança dos voos. É o responsável por garantir que todos os sistemas da aeronave estão operacionais para o voo e, durante o mesmo, pela monitorização dos diversos sistemas e possíveis emergências no ar.
Este percurso encontra-se disponível para Sargentos da especialidade de MMA (Mecânico de Material Aéreo), após a qualificação como mecânico e mediante abertura de concurso próprio. O curso inicia com uma fase teórica, onde são abordados conhecimentos sobre a aeronave, ao nível dos motores, sistemas, armamento e noções de desempenho em caso de emergência, seguida de uma fase prática, a bordo da aeronave.
Tanto como MMA, como Flight Engineer, é possível integrar missões nacionais e internacionais. No caso dos Flight Engineers, destacam-se as participações realizadas no C-130H para levar material, apoio logístico e manutenção para a Lituânia e Estónia (F16), Málaga (Frontex, C295), ou Seicheles e Cabo Verde (P-3C). Podem ainda participar numa missão de 3 anos na NATO na posição de Flight Engineer nos AWACS. Os AWACS são o "olho no céu" da NATO, fornecem à Aliança vigilância aérea, gestão de batalhas, comando e controlo, e comunicações, e são utilizados para uma vasta gama de missões da NATO. Esta é uma missão muito aliciante, especialmente pelo ambiente e convívio com militares de outras nações.
A rotina operacional de um Flight Engineer começa cerca de duas horas antes da descolagem, com o início do chamado pré-flight: preparação da aeronave, abastecimento e testes a todos os sistemas. Já no voo, cabe-lhe a monitorização técnica da aeronave, bem como a gestão do combustível e resposta a eventuais anomalias. Quando não está envolvido em missões de voo, o Flight Engineer desempenha funções na Esquadra a que pertence, contribuindo para o planeamento e preparação de futuras missões.
Operador de Guincho
A função de Operador de Guincho está aberta a Sargentos do Quadro Permanente, das especialidades de MMA (Mecânico de Material Aéreo) ou MELIAV (Mecânico de Eletricidade e Instrumentos de Avião), que tenham até 45 anos.
O ingresso nesta função depende da abertura de concurso interno e da aprovação em testes psicotécnicos específicos para o pessoal tripulante. Os candidatos aprovados iniciam a formação inicial no sistema de armas referente e, após aproveitamento, começa a parte teórica relativa ao curso. Após estas fases, inicia a parte prática, dividida em 26 voos em terra, mar e embarcações.
Quando não está em voo, o Operador de Guincho exerce funções na sua Esquadra de Voo, podendo integrar secções de planeamento; logística; relações-públicas; e uniformização de procedimentos. Para além destas, contribui para a manutenção da aeronave, uma vez que, tem competências como mecânico executante e/ou inspetor de produção, reforçando o seu papel como elemento técnico qualificado.
Em voo, o Operador de Guincho assume o papel de "guia" do piloto. É ele quem orienta a aproximação da aeronave ao ponto de resgate, guiando o piloto até ao local exato, evitando obstáculos e garantindo a segurança de todos os envolvidos.
Antes de ser Operadora de Guincho, a Primeiro-Sargento Maria Paiva, participou em missões como Operador de Cabine no C-295, nomeadamente, três missões no Mali; operações Frontex (Agência Europeia para controlo das fronteiras externas da EU); missões de apoio logístico às Esquadras 201 e 301, com transporte de material para destacamentos, enquanto Operador de Cabine no C-295 da Esquadra 502.
Em dias de alerta, o Operador de Guincho tem a responsabilidade de garantir que a aeronave atribuída está equipada e pronta para qualquer missão, desde evacuações aeromédicas nas ilhas ou operações de resgate.
Mas, como refere a Primeiro-Sargento Maria Paiva, nunca nos podemos esquecer que, na ponta do cabo, está uma vida humana — o recuperador-salvador —, e o compromisso da equipa é claro: "Partimos cinco, queremos regressar cinco. E, se possível, com as vítimas também."
Ser Operador de Guincho é assumir um compromisso com a segurança, a missão e a vida.
Loadmaster
Na Força Aérea, ser Loadmaster é uma responsabilidade essencial em missões de transporte aéreo e apoio logístico, ao garantir que passageiros, carga e equipamentos são carregados, acondicionados e transportados em segurança, respeitando os limites operacionais da aeronave.
O percurso para ser Loadmaster varia consoante a esquadra e as necessidades operacionais. Na Esquadra 501 — “Os bisontes”, onde esta função é exercida há mais de 15 anos, o processo começa com a colocação do militar na manutenção, antes de integrar efetivamente a esquadra. Além disso, o Loadmaster pode estar envolvido em cursos e qualificações obrigatórias e na formação de novos militares, no caso de exercer funções como instrutor.
Inicialmente, esta função era desempenhada sobretudo por militares da especialidade MARME (Mecânicos de Armamento e Equipamento). Contudo, militares das especialidades MMA (Mecânicos de Aeronaves), MELIAV (Mecânicos de Eletricidade e Aeronaves) e MELECA (Mecânicos de Eletrónica) passaram também a poder exercer esta função.
Mas há também um lado menos visível relacionado com a flexibilidade e disponibilidade total. Ser Loadmaster significa, muitas vezes, trabalhar fora de horas, e sobretudo estar longe da família durante longos períodos, devido ao ritmo operacional e às missões internacionais. O Loadmaster participa ativamente em missões que incluem: transporte geral, com apoio a forças nacionais destacadas no estrangeiro; transporte tático, como largada de paraquedistas ou de carga aérea; missões de busca e salvamento; evacuações aeromédicas.
Recuperador Salvador
Na Força Aérea, ser Recuperador Salvador (RS) é considerada uma qualificação de voo para exercer funções em esquadras de helicópteros com a missão de busca e salvamento.
O acesso a esta função altamente exigente, inicia-se mediante candidatura interna, não existindo uma especialidade de origem obrigatória, no entanto, é necessário cumprir um conjunto de pré-requisitos físicos, médicos e psicológicos.
Durante a frequência do Curso de RS, os candidatos são sujeitos a formação intensiva em áreas como adaptação ao meio aquático, técnicas de salvamento, equipamento de salvamento, equipamentos de voo e cumprimento dos programas de voos necessários para a sua qualificação operacional com missões diurnas e noturnas em todos os ambientes de operação.
Para além de missões de busca e salvamento, as funções de um Recuperador Salvador são bastante variadas, incluindo: a prestação de cuidados de saúde na primeira abordagem a vítimas e/ou auxiliar o Enfermeiro durante o transporte; o resgate de vítimas em ambiente terrestre ou marítimo, diretamente da água ou de embarcações; a participação em operações de âmbito militar, como parte da tripulação; o apoio, em solo, aos diversos setores da esquadra onde está colocado.
A rotina de um RS é tudo menos monótona, desde sessões de treino físico a missões de treino com simulações de salvamento nos diferentes ambientes de operação: em escarpas, navios ou alto mar. Pode também exercer funções na sua esquadra de colocação, em secções de Logística, Equipamentos de Voo, Secretaria, Operações, Uniformização e Avaliação. Pontualmente, ao longo do ano, executa várias formações em áreas como socorrismo, combate a incêndios, técnicas de sobrevivência em ambiente marítimo, fisiologia de voo e gestão de recursos de tripulação.
O Recuperador Salvador participa frequentemente em destacamentos que operam em território nacional e internacional, com responsabilidades ao nível de resgate de náufragos; evacuações médicas; resposta a catástrofes naturais; apoio a operações militares e de cariz humanitário; cooperação com entidades civis, como o INEM, Proteção Civil e Bombeiros.
NOTP (Núcleo de Operações Táticas de Projeção)
Com a crescente necessidade de garantir a Proteção e Segurança das Forças Nacionais Destacadas (FND), foi criada em 2007, a Unidade de Proteção da Força (UPF), designação essa que foi alterada em 2015 para NOTP - Núcleo de Operações Táticas de Projeção. Este Núcleo tem vindo a consolidar-se como uma força tática especializada em situações de elevada exigência operacional, mantendo parte das capacidades da antiga RESCOM (Resgate em Combate).
Para integrar o NOTP é necessário ser militar da especialidade de Polícia Aérea e candidatar-se ao Curso de Operações Táticas de Proteção da Força (COTPF). A candidatura exige o cumprimento de um de dois critérios, pertencer aos Quadros Permanentes; ou ter, pelo menos, 3 anos de contrato por cumprir após a conclusão do curso. Apenas os candidatos aptos nas provas psicotécnicas, médicas, situacionais e físicas, iniciam o COTPF.
Preparados para atuar em diversas frentes operacionais, as funções dos militares do NOTP, variam consoante a sua graduação, entre elas: garantir a Segurança Militar e a Proteção da Força, das aeronaves, da tripulação, dos passageiros e da carga dos meios aéreos da Força Aérea; equipas de Intervenção Rápida, em território nacional, em situações de ameaça acrescida ou de alta visibilidade; efetuar a proteção e segurança no transporte de passageiros, altas entidades e reclusos a bordo das aeronaves. Os militares com o Curso de Atirador de Precisão têm ainda a função de Atirador Helitransportado, na componente de slow movers (aeronaves de pequenas dimensões).
O NOTP tem várias particularidades que os distinguem dentro da Força Aérea, como:
· Realização de inserções e extração de tropas, via aerocordagem, como Fast Rope, Rappel e SPIES;
· Capacidade cinotécnica para deteção de drogas e explosivos;
· Participação frequente em exercícios e formações com forças nacionais e internacionais.
O NOTP, marca presença em missões da ONU, NATO ou União Europeia, em ambientes semi-permissivos ou não-permissivos. As últimas missões no estrangeiro foram: MINUSMA (Mali) 2020 e 2021 com equipas Raven (AMPT); EUTM Mali 2020, 2021 e 2022, dando formação aos militares das Forças Armadas Malianas; EUTM Moçambique 2023 e 2024, garantindo a Proteção Pessoal do Comandante da EUTM; EAP 2024 e 2025, garantindo a Proteção e Segurança dos meios humanos e materiais do destacamento militar.
Ser parte do NOTP é integrar uma força altamente capacitada, onde o treino físico e técnico diário; as formações regulares para atualização e partilha de conhecimento com outras forças, são parte crucial para garantir a constante prontidão operacional.