A missão das equipas EOD é detetar, identificar e neutralizar engenhos explosivos, sejam eles convencionais - munições, granadas ou bombas militares - ou improvisados, construídos artesanalmente e com comportamentos imprevisíveis. Os engenhos convencionais seguem padrões conhecidos, com manuais e especificações que orientam a intervenção. Já os improvisados, exigem um olhar clínico e análise técnica detalhada: cada caso é único e requer a leitura cuidadosa de sinais, imagens de raio X e dados obtidos por sensores especializados, para que a neutralização seja segura e eficaz.
EOD na Força Aérea Portuguesa: Quando a Coragem se Une à Precisão
Nem sempre a ameaça vem do céu. Às vezes está no terreno, escondida, silenciosa, à espera de ser desarmada.
É nesse momento que entram em ação os EOD (Explosive Ordnance Disposal) da Força Aérea Portuguesa, militares altamente treinados para lidar com engenhos explosivos com perícia, tecnologia de ponta e aptidão emocional. São quem enfrenta o perigo para garantir a segurança de todos, assegurando que cada missão decorre num ambiente controlado, seja numa Base Aérea, num cenário de treino ou no apoio a outras forças militares.
Neutralizar o Risco, Garantir a Segurança
Antes de qualquer ação, as equipas avaliam o tipo de engenho, o ambiente envolvente e o impacto potencial de cada decisão. Planeamento, comunicação e coordenação são essenciais, tal como a capacidade de manter a calma em situações que exigem decisões rápidas e precisas. Após a neutralização, procede-se muitas vezes à destruição controlada do engenho, um processo conduzido com rigor técnico e respeito absoluto pelas normas de segurança e do ambiente.
As equipas EOD utilizam tecnologia de ponta - robôs de inspeção e manipulação remota, sensores de densidade, fatos de proteção balística e sistemas de comunicação avançados mas, é o método que garante o sucesso. A atuação segue protocolos internacionais e assenta na confiança mútua e na precisão técnica, pois num contexto onde o erro não é opção, a coordenação e o trabalho de equipa é vital. Cada intervenção é o culminar do treino intensivo, análise minuciosa e uma disciplina que só a experiência operacional permite consolidar.
Entre a Técnica e a Precisão
O quotidiano de um EOD combina duas dimensões complementares: a operacional e a formativa. Entre missões no terreno e o ensino, a rotina é tudo menos previsível. Acompanhar largadas de bombas, prestar apoio nas Unidades ou colaborar com outras forças são tarefas que se intercalam com o trabalho de formação e instrução em diversas áreas ligadas aos explosivos.
A prontidão é permanente. Há sempre uma equipa de dois militares em alerta, pronta a responder a qualquer ocorrência, 24 horas por dia, 365 dias por ano. Esta exigência obriga a uma gestão rigorosa da vida pessoal, mas é compensada pela satisfação de servir uma causa que se vive com paixão. “Faço aquilo que gosto”, afirmam frequentemente, conscientes de que o respeito pelo explosivo é o primeiro princípio de segurança: o dia em que deixarem de o respeitar, ele deixará de os respeitar também.
A segurança é uma prioridade constante, sustentada por treino rigoroso, procedimentos exigentes e um forte espírito de equipa. Em qualquer situação suspeita, a prioridade é isolar a zona e afastar as pessoas, avaliando posteriormente o local com os meios adequados. Muitas das vezes, é preferível ser chamado e confirmar que nada representa perigo do que correr o risco de ignorar um potencial engenho. “Estamos cá para isso”, afirmam, com a tranquilidade de quem sabe o valor da prevenção.
Ser EOD na Força Aérea
Ser EOD é mais do que desempenhar uma função técnica, é assumir uma missão de elevada responsabilidade. Para integrar esta área é necessário ser militar do Quadro Permanente, da especialidade de Polícia Aérea e cumprir um processo de seleção rigoroso, com testes psicotécnicos específicos, exames médicos e provas físicas.
A formação inclui o Curso de Reconhecimento de Engenhos Explosivos e o Curso de Inativação de Engenhos Explosivos Improvisados e Curso Inativação de Engenhos Explosivos Convencionais, a que se juntam módulos técnicos e atualizações constantes. Ao longo da carreira, os EOD completam ainda formação complementar em áreas como engenharia, química e biologia aplicadas à neutralização de explosivos, garantindo uma preparação ampla e multidisciplinar.
Além das missões operacionais, onde se incluem missões internacionais, as equipas dão apoio ao Centro de Formação Militar e Técnica da Força Aérea (CFMTFA) e à Academia da Força Aérea (AFA), assegurando instruções com granadas e engenhos explosivos e intervindo sempre que ocorre uma falha de funcionamento destes materiais.
Esta é uma missão que exige atualização permanente, curiosidade técnica e autocontrolo. Trabalhar como EOD é estar em constante evolução, sempre um passo à frente do risco.
Pronto para o desafio?
Ser EOD é pertencer a uma equipa onde o rigor, o controlo e o compromisso definem cada decisão. É saber que, quando o perigo se aproxima, haverá sempre alguém pronto para avançar, com coragem, método e conhecimento.
Se te revês neste espírito de missão, descobre como podes fazer parte da Força Aérea Portuguesa e viver esta realidade todos os dias.


